Quando li a sinopse de “Eu te darei o sol” fiquei intrigado.
E apostei na leitura. Mas...
Então, como definir “Eu te darei o sol”? Eu diria que é um
livro um tanto quanto esquizofrênico. Sim, acho que é uma definição possível.
Mas talvez seja até mais que isso. Ou menos. É um livro doido.
A história de Noah e Jude, dois irmãos gêmeos, é narrada em
perspectivas diferentes e tempos também diferentes. Ora pelo mundo de Noah, ora
pelo mundo de Jude. Isso até me incomodou um pouco, pois a própria narrativa de
um traz em alguns momentos “spoilers”. E às vezes a mesma cena é narrada, só
que de outra maneira. É você ler uma passagem, e, logo em seguida ler essa
mesma passagem contada por outra perspectiva, mas com o mesmo recheio. É bem “odd”.
É um livro estranho.
Os capítulos são muito grandes, mesmo tendo a quebra dentro
deles da troca de narrativa de Noah para Jude. Mas isso tudo acontecendo no
mesmo capítulo deixa a leitura arrastada. Prefiro os capítulos curtos que dão outra
vida à leitura. O livro fica bem mais dinâmico assim. E não é o caso.
Algumas passagens são muito doidas. Ou os personagens são
isso mesmo.
A Jude é a preferida do pai e Noah tem uma aproximação muito
grande com a mãe e isso gera uma competição entre eles pela atenção e afeição
dos pais. Noah é tímido, inseguro e um artista e até apelidado por “Picasso”.
Jude por sua vez é impulsiva, corajosa, é uma artista também – ela gosta de
esculpir – e tem uma ligação forte com a avó, Sweetwine, e Jude chega a conversa
com ela, apesar de já estar morta. E é da avó que ela herda uma “bíblia”, um
livro com antigas crenças. É um pouquinho engraçado. Noah, por sua vez é também um artista e muito
ligado à mãe. E sonha em entrar na melhor escola de arte da Califórnia. Mas uma
tragédia acaba os separando.
A narrativa avança, e os dilemas começam a aparecer. Tanto
que Noah se depara com a questão da homossexualidade e luta contra isso. E Jude
também aparece com suas próprias questões pertinentes aos seus 16 anos de
idade. Mas ambos parecem ter uma mente atordoada.
Em alguns momentos existem passagens sem pé nem cabeça. Algo
que parece que foi até jogado no meio do texto. Você fica de onde surgiu isso?
O que é isso? Exemplo? “Eles não flertam despudoramente com meninas como eu
quando têm namoradas da Trânsilvânia. Que babaca.” (página 212)
Não consegui me afeiçoar a nenhum personagem, o que teria ajudado
e muito. Mas por outro lado, há várias informações legais sobre arte,
aproveitando essa característica do personagem Noah. Isso posso dizer foi um
ponto a favor do livro.
Apesar de o livro ter recebido diversos prêmios – e isso me
deixou encucado – não foi uma leitura fácil. Pensei em desistir por várias
vezes. E acabei intercalando a leitura desse livro com outro mais empolgante
para ver se fazia a leitura desse livro pegar no tranco. Não pegou no tranco,
mas eu resisti e fui até o final.
Classificação: ☻☻☺☺☺
☻ Péssimo ☻☻ Ruim ☻☻☻ Bom ☻☻☻☻ Muito Bom ☻☻☻☻☻ Ótimo
EU TE DAREI O SOL - JANDY NESLON - EDITORA NOVA CONCEITO - 377 páginas
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