segunda-feira, 10 de março de 2014

DICAS DE PORTUGUÊS: NOSSOS DIMINUTIVOS




Um bicho pequeno é um bichinho; um gato pequeno, um gatinho; uma dor pequena, uma dorzinha. Ou seja, na língua portuguesa os diminutivos são expressos utilizando-se a própria palavra com a adição de um sufixo -inho(a) ou -zinho(a) — diferentemente, por exemplo, do inglês (little house: pequena casa) e do francês (petite maison: pequena casa), idiomas que usam uma outra palavra para criar um diminutivo.

No português, existem mais sufixos que exprimem essa mesma ideia de diminuição.

(a) -(z)ito(a)
Muito usado em Portugal, no lugar de -inho: rapazito, casita...

Qual é o diminutivo de mosca? Mosquinha? Pode ser. E mosquito? Está bem, é outro inseto. Mosca é mosca, mosquito é mosquito. Mas de onde veio a palavra mosquito? Isso mesmo, veio de mosca + o sufixo diminutivo -ito.

Agora vejamos o paliteiro. Retire um palito. De onde é que veio o palito? Do paliteiro, claro. Mas e a palavra palito, qual é a sua origem? Veio de pau (que no latim era escrito palu) + a terminação diminutiva -ito. Ou seja, palito nada mais é que um pauzinho.

(b) -iscar, -isco
O sufixo -iscar aparece na formação dos verbos com noção diminutiva: chuviscar, mordiscar, rabiscar (que na sua origem significa fazer pequenos rabos).

O sufixo -isco aparece em vários substantivos: chuvisco (a chuva miúda ou o docinho em forma de pingo), marisco (pequeno animal do mar). Asterisco, na sua origem, significa astrinho e é isso mesmo, pode olhar. Por isso a palavra é asterisco e não asterístico. Quem fala asterístico come chuvístico e marístico.

(c) -culo(a), -ulo(a)
Uma pele pequena pode ser chamada de pelinha ou pelezinha. Mas também pode ser chamada de película ou cutícula (diminutivo de cútis). Uma gota pequena é uma gotinha ou uma gotícula.

Muitas vezes a noção de diminutivo da terminação só é percebida quando se pesquisa a origem da palavra no latim, como se vê nos casos abaixo.

Úvula
A famosa campainha, aquela carninha pendurada lá no fundo da boca, veio de uma palavra do latim: uvula, que é o diminutivo de uva. Quer dizer, úvula é uvinha.

Libélula
Veio do latim científico libellula, que era o diminutivo de libella, nível, prumo, que já era outro diminutivo: de libra, balança (de dois pratos). Ou seja, libélula é o diminutivo de outro diminutivo, é uma balancinhazinha. A libélula ficou com esse nome porque, quando ela voa, parece que está imóvel no ar, num perfeito equilíbrio, tal qual uma balancinhazinha.

Músculo
Veio do latim musculu, que inicialmente significava só ratinho e depois ganhou o sentido de músculo. A palavra latina foi formada de mus (rato) + a terminação diminutiva -culu. O músculo foi associado ao rato por causa de seus movimentos rápidos de contração e distensão.

Do latim mus saiu o mouse, camundongo em inglês.

Testículo
Veio do latim testiculu, palavra formada de testis (testemunha) + a terminação diminutiva -culo. Quer dizer, testiculu foi formado significando pequena testemunha. Ou não é isso?

(d) -ela
Na maioria dos casos, a noção de diminutivo se perdeu e a palavra ganhou outro sentido: costela (diminutivo de costa), goela (do latim gulella, diminutivo de gula, garganta), tabela (do latim tabella, diminutivo de tabula, tábua).

(e) -eto(a)
Alguns exemplos: folheto, vareta, sineta, saleta.

Caneta é o diminutivo de cana porque na sua origem o objeto era um tubinho feito de cana, com uma ponta na extremidade.

A palavra cana veio do latim canna, cana, tubo. A palavra latina foi dar no italiano canna e recebeu uma terminação aumentativa para virar cannone, que é a origem da palavra canhão em português

Fonte: Professor Sergio Nogueira via G1. Dica dada pelo professor Reinaldo Pimenta, especialista em etimologia.

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